Quem acompanha o cenário de desenvolvimento local no Maranhão sabe: bom jardim não é mais aquele município esquecido nos relatórios de indicadores sociais. Nos últimos anos, a cidade virou caso de estudo – e não por acaso. Os números contam uma história que vai muito além do discurso político.
A revolução silenciosa na educação
Em 2016, quase 40% das crianças da zona rural abandonavam a escola antes do 5º ano. Hoje, o programa “educação que colhe” mostra que é possível mudar essa realidade:
-
evasão escolar caiu 73% com transporte adaptado
-
ideb saltou de 4.2 para 5.8 em sete anos
-
9 em cada 10 escolas têm laboratório de ciências
Um estudo da UFMA calculou que cada real investido retornou R$ 4,30 em benefícios sociais. Quem diria que ônibus escolar e professor valorizado fazem tanta diferença?
Saúde que chega onde o asfalto não vai
A estratégia “saúde na roça” mostrou que tecnologia e atendimento humano podem andar juntos:
-
mortalidade infantil caiu pela metade
-
8 em cada 10 gestantes fazem pré-natal completo
-
telemedicina reduziu em 40% as viagens desnecessárias para São Luís
Dona Maria, agente comunitária há 15 anos, me contou: “antes a gente orientava no escuro. Hoje mostro a ferida no tablet e o médico já diz o que fazer“.
O pulo do gato na economia
Enquanto muitos municípios vivem de promessas, bom jardim apostou no concreto:
-
420 pequenos negócios capacitados
-
18 agroindústrias familiares gerando renda
-
PIB municipal cresceu 31% em cinco anos
O segredo? Segundo o Sebrae, foi misturar capacitação com acesso a crédito – e o mais importante: acompanhar cada empreendedor por três anos.
O que ainda falta?
Nem tudo são flores. Ainda há estradas rurais intransitáveis na chuva, periferias sem esgoto e uma dependência grande da agricultura familiar. Mas o que impressiona é ver como uma gestão que usa dados como bússola consegue virar o jogo mesmo com recursos limitados.
Como me disse o professor Raimundo, da escola municipal São José: “a gente não quer milagre, quer continuidade”. E é aí que mora o verdadeiro desafio – fazer com que essas políticas sobrevivam aos mandatos.
No fim das contas, bom jardim prova que desenvolvimento local não é sobre fazer obra fotogênica, mas sobre mudar indicadores que realmente importam na vida das pessoas. E você, conhece algum município que está escrevendo uma história parecida?
*(dados: secretaria municipal de educação, Datasus, Sebrae e prefeitura de bom jardim – 2023)*
