Entre as quatro vítimas que morreram na queda de um avião de pequeno porte no Pantanal de Mato Grosso do Sul, está o renomado arquiteto chinês Kongjian Yu. O acidente aconteceu na cidade de Aquidauana, na noite desta terça-feira (23).
Reconhecido globalmente por propor soluções inovadoras em planejamento urbano sustentável, Kongjian Yu criou o conceito de “cidades-esponja”, adotado como política nacional na China em 2013. A ideia é usar da infraestrutura verde para criar áreas alagáveis como lagos e parques, além de instalar pavimentos permeáveis, de forma a depender menos dos sistemas de drenagem tradicionais.
O conceito, que surgiu na China como uma resposta às inundações, adapta a arquitetura paisagística para que elas consigam absorver as águas das enchentes e, posteriormente, devolvê-las para rios e oceanos.
Segundo o CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo), a prática — com vegetação nativa e solo permeável — leva ao menor uso de concreto para canalizar fluxos d’água e criar áreas onde a água possa escoar naturalmente, evitando inundações nas estruturas urbanas.
O conselho aponta que, além do problema das enchentes, o método de construção criado pelo arquiteto também forma “paisagens urbanas arborizadas e com cursos d’água controlados, estabelecendo novos pontos de convivência e de turismo nas cidades em que é implementado”.
Arquiteto chinês, cineastas e piloto: quem são as vítimas de acidente em MS
Kongjian Yu estava no Brasil para participar da Conferência Internacional CAU 2025, que aconteceu entre os dias 4 e 6 deste mês em Brasília. À época do evento, Yu afirmou que o conceito é inspirado em uma prática milenar, que lidava com ciclos anuais de cheias e secas naturais.
Segundo o CAU, Kongjian ainda disse que, no Brasil, seria possível adaptar metrópoles como Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre (afetada em 2024 pelas enchentes) ao modelo de construção sustentável. “Vejo o Brasil como a última esperança para salvar o planeta”, afirmou Yu durante a conferência.
De acordo com a Olé Produções, onde os cineastas Luiz Ferraz e Rubens Crispim atuavam, o grupo estava no Pantanal para as gravações do documentário intitulado “Planeta Esponja”.
Acidente aéreo
Além do arquiteto, dois cineastas e o piloto da aeronave morreram no acidente. As vítimas foram identificadas como o também cineasta brasileiro Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz, o documentarista Rubens Crispim Jr. e o piloto Marcelo Pereira de Barros.
Em nota, a FAB (Força Aérea Brasileira) confirmou o acidente com a aeronave de matrícula PT-BAN no município de Aquidauana.
Conforme consulta ao Registro Aeronáutico Brasileiro da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o avião estava no nome de Marcelo Pereira de Barros, que pilotava a aeronave e foi uma das vítimas da queda. Ainda conforme o registro, a situação da aeronavegabilidade era normal e o avião não tinha autorização para táxi aéreo.
Já a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul informou que foi acionada para atender a ocorrência e que as equipes da corporação estão em campo para levantar os dados preliminares do acidente.
Fonte: CNN Brasil