O lançamento dos modelos de inteligência artificial (IA) da DeepSeek está redesenhando a percepção sobre o avanço tecnológico da China e seu impacto no mercado global. Para a Gavekal Research, o episódio derrubou três crenças sobre a economia e a inovação.
A primeira delas é a noção de que a China pode ser contida tecnologicamente. O sucesso da DeepSeek sugere que a ideia de uma separação entre “China na manufatura” e “EUA no digital” já não se sustenta . O avanço levanta dúvidas sobre a resposta norte-americana: uma trégua na guerra tecnológica ou sanções ainda mais rigorosas?
O segundo mito abalado é o de que grandes empresas de tecnologia podem garantir monopólios apenas por meio de investimentos bilionários. Até então, a expectativa era de que companhias gigantescas cavariam um fosso competitivo com a IA, deixando poucas outras no jogo. “No entanto, o avanço chinês sugere que tamanho e orçamento não são as únicas variáveis decisivas nesse mercado”, diz a Gavekal.
Por fim, o episódio reacendeu uma constatação econômica: os gastos com semicondutores seguem sendo cíclicos, e não estruturais . Ou seja, momentos de alto investimento são seguidos por períodos de acomodação, sem garantir um crescimento linear.
Mercado acionário chinês ganha força
O mercado de ações da China entrou em um ciclo de alta. Há um ano, Pequim interveio para conter a deterioração dos ativos locais, e desde então os índices acionários passaram por uma recuperação expressiva. O ETF iShares China Large-Cap, que reúne empresas chinesas de grande porte, subiu 58% desde janeiro de 2024 .
Inicialmente, o movimento foi puxado por bancos e ações de empresas que pagam altos dividendos, beneficiadas pela queda nos rendimentos dos títulos domésticos. No entanto, o avanço da DeepSeek renovou o interesse dos investidores por ações de tecnologia chinesas , ampliando o rali para outros setores.
As 10 maiores empresas do mundo por valor de mercado
1980: Pico do petróleo | 1990: O Japão dominará o mundo | 2000: Bolha da internet | 2010: A China dominará o mundo | 2025: Tecnologia dos EUA |
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🇺🇸 IBM | 🇯🇵 NTT | 🇺🇸 Microsoft | 🇺🇸 ExxonMobil | 🇺🇸 Nvidia |
🇺🇸 AT&T | 🇯🇵 Bank of Tokyo-Mitsubishi | 🇺🇸 General Electric | 🇨🇳 PetroChina | 🇺🇸 Apple |
🇺🇸 Exxon | 🇯🇵 Industrial Bank of Japan | 🇯🇵 NTT DoCoMo | 🇺🇸 Apple | 🇺🇸 Microsoft |
🇺🇸 Standard Oil | 🇯🇵 Sumitomo Mitsui Banking | 🇺🇸 Cisco Systems | 🇦🇺 BHP Billiton | 🇺🇸 Alphabet |
🇺🇸 Schlumberger | 🇯🇵 Toyota Motors | 🇺🇸 Walmart | 🇺🇸 Microsoft | 🇺🇸 Amazon |
🇬🇧 Shell | 🇯🇵 Fuji Bank | 🇺🇸 Intel | 🇨🇳 ICBC | 🇸🇦 Saudi Aramco |
🇺🇸 Mobil | 🇯🇵 Dai-Ichi Kangyo Bank | 🇯🇵 NTT | 🇧🇷 Petrobras | 🇺🇸 Meta |
🇺🇸 Atlantic Richfield | 🇺🇸 IBM | 🇺🇸 ExxonMobil | 🇨🇳 China Construction Bank | 🇺🇸 Tesla |
🇺🇸 General Electric | 🇯🇵 UFJ Bank | 🇱🇻 Lucent Technologies | 🇳🇱 Royal Dutch Shell | 🇺🇸 Broadcom |
🇺🇸 Eastman Kodak | 🇺🇸 Exxon | 🇩🇪 Deutsche Telekom | 🇨🇭 Nestlé | 🇺🇸 Berkshire Hathaway |
Fonte: Gavekal Research
Fonte: Exame