Um crime que o mundo nunca esqueceu
No dia 8 de dezembro de 1980, John Lennon voltava para casa, no edifício Dakota, em Nova Iorque, após uma sessão de gravação. Ao lado de Yoko Ono, o ex-Beatle foi abordado por um homem que já havia pedido um autógrafo mais cedo naquele mesmo dia: Mark David Chapman. Segundos depois, quatro tiros encerraram a vida de um dos artistas mais influentes da história da música.
Chapman permaneceu no local, segurando o livro The Catcher in the Rye (“O Apanhador no Campo de Centeio”), enquanto esperava a polícia. Ele se declarou culpado e foi condenado à prisão perpétua, com possibilidade de liberdade condicional após 20 anos. Desde então, tenta o benefício periodicamente, sempre sem sucesso.
A nova confissão: “Eu queria ser alguém”
Em audiência de condicional realizada em agosto de 2025, Chapman, hoje com 70 anos, admitiu algo que a polícia e os fãs já suspeitavam, mas nunca tinham ouvido de forma tão direta: ele matou John Lennon para ser famoso. “Foi por mim, e somente por mim”, afirmou. “Queria ser alguém. Foi um ato completamente egoísta.” Chapman contou que via no crime uma forma de sair do anonimato. Obcecado por Lennon, ele alternava entre idolatria e raiva. O músico, para ele, simbolizava tudo o que ele gostaria de ser, mas não conseguia.
“Eu não matei um homem, matei um ídolo. E fiz isso porque queria me tornar parte dessa história”, disse.
O lado sombrio da fama e da obsessão
A declaração de Chapman reacende uma discussão antiga: o fascínio que a fama exerce sobre a mente humana. Psicólogos descrevem casos assim como “síndrome da notoriedade”, quando o indivíduo busca reconhecimento a qualquer custo, mesmo que isso envolva destruir a figura que admira. Nos anos 1970, Chapman trabalhava no Havaí e levava uma vida aparentemente comum. Mas, aos poucos, mergulhou em fantasias paranoicas e passou a enxergar em Lennon uma espécie de “traidor dos ideais de paz” que pregava. Ele acreditava que o ex-Beatle era um falso profeta, alguém que falava de amor e espiritualidade, mas vivia cercado de luxo e fama. Esse sentimento distorcido alimentou sua obsessão.
O peso do arrependimento
Nas audiências mais recentes, Chapman diz estar arrependido e que pensa em Lennon “todos os dias”. “Eu sei que não mereço perdão. Fui um homem egoísta, covarde e cruel. Se pudesse voltar atrás, jamais teria feito aquilo.” Mesmo assim, o conselho de condicional negou novamente sua libertação, considerando o crime “premeditado e sem justificativa moral”. Chapman já pediu perdão publicamente a Yoko Ono, que, por sua vez, continua se opondo a qualquer possibilidade de soltura. Para ela, a liberdade de Chapman seria um desrespeito à memória do marido e um risco à própria segurança pública.
O eco de um crime que atravessou gerações
Mais de quatro décadas depois, o assassinato de John Lennon ainda ecoa como uma ferida aberta na cultura pop. Lennon representava o símbolo máximo da paz e da liberdade criativa, e sua morte violenta mostrou o outro lado da fama: o de se tornar alvo de obsessões doentias. A cada tentativa de condicional, o caso volta às manchetes, lembrando o quanto a idolatria pode sair do controle.
Mark David Chapman já teve 14 pedidos de liberdade negados. Ainda cumpre pena na prisão de segurança máxima de Green Haven, em Nova York, onde trabalha em programas religiosos e lê livros cristãos. Mesmo com sua “nova fé”, continua sendo o homem que tirou a vida de um dos maiores músicos do século 20.
Esse conteúdo O verdadeiro motivo por trás do assassinato de John Lennon foi criado pelo site Fatos Desconhecidos.


