O final da releitura do clássico de 1988 manteve o suspense sobre o assassinato de Odete Roitman, mobilizando público em espaços de convivência e revelando uma reviravolta inédita na teledramaturgia. Em sintonia com um fenômeno nacional, o estado do Maranhão registrou intensa mobilização na noite da última sexta-feira (17/10) para acompanhar o encerramento do remake da telenovela “Vale Tudo”, uma das obras mais icônicas da teledramaturgia brasileira, agora reeditada pela TV Globo 37 anos após sua estreia original.
A nova versão — concebida por Manuela Dias, baseada na criação de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, exibida em 1988 — preservou o mistério que envolveu o capítulo final, focado na identidade do assassino da vilã Odete Roitman, papel imortalizado por Debora Bloch na adaptação e, antes, por Beatriz Segall (1926-2018). Impulsionados pela expectativa da grande revelação, moradores do Maranhão lotaram bares, restaurantes e shopping centers para assistir ao desenlace da trama.
O assassinato da personagem Odete Roitman foi ao ar no episódio de 6 de outubro. Desde então, a lista oficial de suspeitos incluiu Fátima (Bella Campos), César (Cauã Reymond), Marco Aurélio (Alexandre Nero), Celina (Malu Galli) e Helena (Paolla Oliveira) — sendo esta última a que, inicialmente, confessou e foi detida. Paralelamente, apostas populares citavam outros nomes, como o convalescente Leonardo (Guilherme Magon), a falecida Nise (Teca Pereira) e o discreto mordomo Eugênio (Luis Salém). Uma corrente de palpites, contudo, defendia que a poderosa executiva teria simulado a própria morte, contando com o auxílio de Consuelo (Belize Pombal) e Freitas (Luis Lobianco).
No desfecho, foi revelado que, nesta nova narrativa, Odete Roitman havia simulado sua morte, com a cumplicidade de Freitas. A cena da morte se deu após Helena errar o disparo da arma e, em seguida, a própria Odete levar um tiro de Marco Aurélio. Em sua última aparição, a vilã encerra sua participação com a frase: “Odete Roitman sempre volta”.
Versão original
Em 1988, o folhetim atingiu a marca histórica de 89 pontos de audiência na véspera do último capítulo, registrando uma média geral de 61 pontos. No livro Meu passado me perdoa, Aguinaldo Silva, um dos coautores, detalha que o plano inicial era que Odete Roitman fosse assassinada por Marco Aurélio (interpretado por Reginaldo Faria), mas um vazamento de informação à imprensa levou à mudança de planos. Decidiu-se, então, que a empresária seria morta por um personagem improvável, insuspeito: Leila (Cássia Kiss), esposa de Marco Aurélio.
Outra curiosidade de bastidor indica que, na sinopse original, o alvo do crime seria Marco Aurélio — e não Odete — e a assassina seria Maria de Fátima (Gloria Pires), com Raquel (Regina Duarte) assumindo a culpa.
Ao longo de sete meses, a nova versão de “Vale Tudo” polarizou a opinião pública. A adaptação introduziu modificações substanciais nas trajetórias dos personagens e no desenvolvimento dos enredos. O resultado foi uma obra que combinou elementos do clássico com inovações narrativas, gerando críticas, especialmente pela percepção de que houve uma descaracterização do cerne da obra original: o questionamento sobre a validade da ética e da honestidade no Brasil.
O remake (ou reboot) de Manuela Dias concentrou-se nos conflitos da família Roitman, abordou superficialmente múltiplos temas (desde bebê reborn até leucemia) e relegou a segundo plano o conflito central que explorava os dilemas morais na relação entre a íntegra Raquel (Taís Araújo) e a filha amoral, Fátima.
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Fonte: O Imparcial
