O que deveria ser o dia mais feliz da vida da jovem Shirley Silva, de 25 anos, transformou-se em um dos episódios mais dolorosos de sua história. Moradora do povoado Palmeira do Norte, zona rural de Codó, Shirley aguardava com ansiedade a chegada de seu filho, Manoel Levy Silva, que viria para completar sua família e fazer companhia à irmãzinha de seis anos.
Após nove meses de espera, ela deu entrada no Centro de Parto Normal (CPM), anexo do Hospital Geral Municipal (HGM), no dia 10 de julho, com 40 semanas de gestação e fortes dores. Uma ultrassonografia foi realizada e, segundo Shirley, o médico de plantão disse que ela deveria retornar no dia seguinte para realizar uma cesariana.
Mesmo sofrendo com dores intensas durante toda a noite, Shirley voltou ao hospital na manhã do dia 11. Um novo exame foi feito e, para alívio da jovem, o coração do bebê batia forte. Ainda assim, o parto foi novamente adiado. “Na ultrassom eu vi perfeitamente que meu filho estava vivo e ouvi o coração dele bater”, contou a mãe, emocionada.
De acordo com Shirley, a cesariana só aconteceu horas depois. O motivo do atraso, segundo o médico, seria que outra grávida estava na fila. A jovem afirma ainda que ouviu comentários de que o prefeito iria ao hospital para tirar fotos com o bebê de outra paciente.
Quando finalmente foi levada para a sala de cirurgia, esperava conhecer o rostinho do pequeno Manoel Levy. Mas a alegria deu lugar ao desespero. Ela relata que, após o procedimento, o bebê foi retirado sem que lhe fosse mostrado. “Perguntei à enfermeira se estava tudo bem e ela disse que sim. Mas era mentira, porque demoraram muito tempo e depois me disseram que meu filho nasceu sem chorar e que não resistiu”, lamentou.
A dor de Shirley aumentou ainda mais quando percebeu que sua tia não pôde acompanhá-la no parto, algo garantido por lei. Além disso, os resultados das duas últimas ultrassonografias não foram entregues a ela, o que levanta ainda mais dúvidas sobre o que realmente aconteceu. “Quando recebi meu filho percebi que a cabeça dele estava raspado um pouco na frente. Eu vi que havia algo errado”, disse.
Com a voz embargada e o coração despedaçado, Shirley confessa que pensou em se calar por medo de represálias, mas decidiu expor sua dor. “Eu precisava falar, porque não quero que outras mães passem pelo que eu passei”, desabafou.
A história de Shirley Silva é mais um capítulo doloroso que levanta questionamentos sobre a conduta médica e o atendimento prestado no HGM de Codó. Enquanto busca forças para seguir adiante, ela pede justiça e transparência para a morte de seu filho, Manoel Levy, que deveria ter chegado ao mundo cercado de amor, mas se tornou vítima de um pesadelo.
Fonte: Jornal Pequeno