O Brasil registrou um marco importante em 2024: 30,3 mil transplantes de órgãos, o maior número da história. O crescimento de 5,5% em relação a 2023 reflete avanços no sistema de saúde, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Enquanto isso, 78 mil brasileiros aguardam na fila por um rim, córnea, fígado ou outro órgão que pode salvar suas vidas.
Os números que preocupam
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Doadores em queda: Em 2024, foram 4.086 doadores efetivos, uma pequena redução em relação aos 4.129 do ano anterior.
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Famílias que recusam: A taxa de recusa familiar ainda é de 45%, um dos principais obstáculos para aumentar as doações.
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Órgãos mais necessitados:
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Rim: 42.838 pessoas na fila
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Córnea: 32.349 aguardando
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Fígado: 2.387 em espera
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Apesar dos desafios, o SUS é responsável por mais de 90% dos transplantes realizados no país, com destaque para córneas (17.107), rins (6.320), medula óssea (3.743) e fígado (2.454).
Por que tantos órgãos deixam de ser aproveitados?
Atualmente, apenas 30 a 35% dos órgãos disponíveis são transplantados. Os motivos incluem:
✔ Problemas de logística e preservação
✔ Incompatibilidade entre doador e receptor
✔ Contraindicações médicas
O que está sendo feito para mudar esse cenário?
O Ministério da Saúde anunciou medidas para aumentar a doação e reduzir a fila de espera:
1. Investimento em equipes especializadas
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A partir de 2026, serão destinados R$ 20 milhões/ano para treinar profissionais que conversam com famílias de possíveis doadores.
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O objetivo é reduzir a recusa familiar, melhorando a abordagem sobre morte encefálica e doação.
2. Reajuste nos custos de preservação de órgãos
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O valor repassado para a conservação de órgãos será reajustado em 81%, corrigindo uma defasagem de 20 anos.
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Isso deve aumentar a qualidade e o aproveitamento dos órgãos doados.
3. Campanhas de conscientização
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Novas ações públicas buscarão esclarecer mitos e incentivar a doação.
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A meta é aumentar a confiança das famílias no processo.
“A família brasileira é solidária”, diz coordenadora do SNT
Patrícia Freire, do Sistema Nacional de Transplantes, reforça:
“Quando as famílias entendem o processo de doação, a maioria diz sim. Precisamos melhorar a comunicação.”
O que ainda falta?
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Mais doadores registrados (apenas 3% dos brasileiros declararam vontade de doar).
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Infraestrutura hospitalar para garantir agilidade nos procedimentos.
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Sensibilização contínua da população sobre a importância da doação.
Como você pode ajudar?
✅ Converse com sua família sobre sua vontade de ser doador.
✅ Registre seu desejo no app Carteira Digital de Trânsito ou em cartórios.
✅ Divulgue informações confiáveis sobre o tema.
Enquanto o país comemora o recorde de transplantes, milhares ainda esperam por uma segunda chance. Cada doação pode salvar até oito vidas.