‘Como falar corretamente e sem inibições’ foi meu primeiro livro e inspiração para os demais; quando penso na sua trajetória, renovo as minhas energias para todos os desafios que preciso enfrentar
Veja como um simples áudio fez com que um livro se tornasse o mais vendido em seu segmento na história do Brasil. Trata-se de uma obra que rompeu barreiras, superou desafios e conquistou vitórias que jamais poderiam ser imaginadas. Este é um relato que poderá inspirar muitas pessoas, assim como me motivou a tomar novos rumos na vida.
Nove longos anos
Quem me conhece sabe que sou professor de oratória há 50 anos. Sabe também que publiquei 38 livros que venderam 1,5 milhão de exemplares em 39 países. Passaram pelas nossas aulas, entre cursos presenciais e online, mais de 100 mil alunos. Essa realização profissional teve um responsável: o livro Como falar corretamente e sem inibições.
Um ano depois que comecei a ministrar cursos de oratória, já estava escrevendo as primeiras páginas de um livro sobre a arte de falar em público. Consumi nove longos anos para concluir a obra. Por dois motivos principais. Primeiro, por incompetência. Todas as vezes que voltava para verificar o que havia feito, encontrava palavras repetidas, frases truncadas e falta de coesão. Refazia tudo.
Uma coincidência providencial
Segundo, por perfeccionismo. Para cada orientação técnica, escolhia um exemplo marcante da história da oratória para ilustrar. Passava semanas pesquisando cada um deles. Não foram poucas as vezes em que, depois de revisá-los, julguei que outros talvez fossem mais adequados. Mais semanas de pesquisa.
Finalmente, depois de tanto trabalho e esse tempo todo transcorrido, os originais do livro estavam concluídos. Por coincidência, nessa época, um de meus alunos, Nilson Lepera, era o responsável comercial da Editora Saraiva. Como eu estava entusiasmado com aquele feito, comentava em detalhes com os alunos como eram seus capítulos.
Uma porta que se abriu e… se fechou
Em certo momento, Nilson perguntou se eu já tinha editora contratada para publicar o livro. Respondi que não. Ele disse que assim que estivesse tudo pronto gostaria de analisar o conteúdo para tentar publicar lá. Ingenuamente, pensei: “Pronto, já vão disputar a tapa o ‘privilégio’ de editar o livro”. Enviei para ele.
Depois de algum tempo, para surpresa minha e certa frustração, ele disse que a editora era especializada em livros didáticos e jurídicos, e que o meu deveria entrar na área de interesse geral, fora do mercado em que atuavam. Agradeci e fui atrás de outras possibilidades de edição.
Uma decisão inesperada
A partir desse instante, comecei verdadeira peregrinação. Enviei os originais para praticamente todas as editoras. A maioria não dava sequer uma resposta, e as outras, de forma lacônica, diziam que não tinham interesse, pois faltava perspectiva comercial para esse tipo de publicação.
Tentei tudo o que estava ao meu alcance. Nada. Resignado, decidi publicar por conta própria. Levantei os custos de digitação, diagramação, capa e edição. Antes de contratar a gráfica, liguei para o Nilson avisando o que havia decidido. Ele foi firme ao me dizer para não tomar essa iniciativa, pois, embora não se enquadrasse em suas publicações, iria “peitar” o projeto e abrir com a obra a área de interesse geral.
A ideia de acrescentar um CD
Dessa maneira, com a sorte de ter um executivo de uma grande editora entre os meus alunos, o livro foi publicado e superou qualquer expectativa. As edições, todas com grande tiragem, segundo o editor, nunca com menos de cinco mil exemplares, sucediam-se em ritmo vertiginoso, muitas com reedições adicionais.
Ao chegar à 50ª edição, tive uma ideia: gravar um CD com discursos de grandes oradores como exemplo das técnicas recomendadas. A editora topou. Expliquei em cada faixa em que circunstância o orador se apresentava, o recurso técnico utilizado e, em seguida, o discurso na voz do próprio comunicador. Tudo muito caprichado.
Comemorando as conquistas
Pegou na veia. As vendas explodiram. Jornais e revistas dedicaram diversas matérias elogiando as gravações. O livro, que já havia feito muito sucesso, com o CD multiplicou o resultado. Participou de todas as listas dos mais vendidos do país, em várias delas em primeiro lugar. Mais tarde, com o avanço da tecnologia, o CD foi substituído por plataformas digitais. Afinal, agora tudo fica nas nuvens.
Este mês foi lançada a 113ª edição comemorativa dos 40 anos de lançamento, com 700 mil exemplares vendidos. E o áudio continua lá, firme, forte e imponente. Dos 38 livros que publiquei, todos têm histórias interessantes e curiosas, mas esse meu primeiro foi a inspiração para os demais. Quando penso na sua trajetória, renovo as minhas energias para todos os desafios que preciso enfrentar. E você, qual é a sua história de superação? Siga pelo Instagram: @polito.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
Fonte: Jovem Pan