Um visitante interestelar
O céu noturno acaba de receber um conhecido: o cometa interestelar 3I/ATLAS reapareceu após semanas fora de vista. O registro mais recente foi feito pelo astrônomo Qicheng Zhang, do Observatório Lowell, no Arizona (EUA), marcando a primeira imagem óptica do objeto desde sua passagem atrás do Sol.
O clique foi feito no dia 31 de outubro, data simbólica do Halloween, quando o cometa já se afastava do periélio, o ponto mais próximo do Sol. Zhang confirmou que o objeto pode ser detectado até por telescópios menores, e compartilhou um exemplo em seu blog no domingo, 2 de novembro. “Basta ter um céu limpo e um horizonte leste baixo”, explicou.
“Não será uma visão impressionante; será apenas uma mancha, mas essa mancha ficará cada vez mais visível nos próximos dias.”
O que torna o 3I/ATLAS tão especial?
Descoberto em julho, o 3I/ATLAS é apenas o terceiro objeto interestelar já identificado em passagem pelo nosso sistema solar, depois de ‘Oumuamua e do cometa Borisov. Ele viaja a mais de 210 mil km/h e segue uma trajetória quase perfeitamente retilínea, o que confirma sua origem fora do Sistema Solar. Durante sua aproximação máxima, o cometa atingiu cerca de 1,4 unidades astronômicas do Sol (aproximadamente 210 milhões de quilômetros). Desde então, astrônomos monitoram o fenômeno para entender como sua composição reage à radiação solar.
Um brilho misterioso
Antes do periélio, Zhang e um colega publicaram um estudo na plataforma arXiv mostrando que o 3I/ATLAS havia apresentado um aumento repentino de brilho e uma coloração mais azulada que a do Sol, efeito causado pela liberação de gases congelados sob sua superfície. Esse comportamento, segundo o pesquisador, pode indicar uma composição rica em substâncias voláteis raras.
“É possível que o cometa ainda esteja se tornando mais brilhante”, escreveu Zhang, ressaltando que mais observações são necessárias para confirmar essa hipótese. O fenômeno vem sendo acompanhado tanto por telescópios terrestres quanto espaciais.
Caçada ao amanhecer
O Telescópio Discovery Lowell é um dos maiores instrumentos capazes de registrar o cometa nesse momento. A nova imagem foi feita quando o 3I/ATLAS estava a cerca de 16 graus do Sol, o equivalente a apenas cinco graus acima do horizonte. Para quem quiser tentar observá-lo, a dica é procurar no céu do leste, pouco antes do amanhecer.
“Em breve, o cometa estará a 25 ou 30 graus do Sol, e muitos outros telescópios grandes poderão acompanhá-lo”, explicou Zhang. Segundo ele, cada novo registro ajuda a entender como esses visitantes interestelares se formam e o que eles contam sobre outros sistemas planetários da Via Láctea.
De onde vem o cometa?
Apesar das teorias curiosas que surgiram nas redes, algumas até sugerindo que o 3I/ATLAS seria uma nave alienígena, os especialistas são cautelosos. Tudo indica que se trata de um cometa comum, formado há bilhões de anos em algum canto distante da galáxia. A hipótese mais aceita é que ele foi expulso de seu sistema original após uma interação gravitacional intensa. Alguns estudos sugerem que o 3I/ATLAS possa ser até 3 bilhões de anos mais velho que o próprio Sistema Solar. A longa exposição à radiação interestelar teria criado uma camada externa endurecida, alterando completamente sua aparência original. Essa “casca” irradiada, segundo os astrônomos, dificulta a análise direta da sua composição.
Um enigma em movimento
Enquanto continua sua jornada, o cometa se torna uma peça-chave para entender os processos que moldam objetos vindos de fora do nosso sistema. Observações em diferentes comprimentos de onda, incluindo rádio e infravermelho, estão sendo analisadas para decifrar sua estrutura interna e evolução.
Para os cientistas, cada nova aparição do 3I/ATLAS é uma janela rara para observar materiais primordiais do universo. Afinal, esses corpos são relíquias de tempos anteriores à formação do Sol. E, por enquanto, só tivemos três chances na história de vê-los de perto.
Esse conteúdo Astrônomo revela nova imagem do cometa interestelar 3I/ATLAS foi criado pelo site Fatos Desconhecidos.




