A cena surreal de um homem fantasiado como “Gelado”, o popular personagem do filme de animação “Os Incríveis”, derrubando um policial militar durante a soltura de MC Poze do Rodo no Rio de Janeiro, se transformou no episódio mais comentado das redes sociais brasileiras nesta semana. O incidente, capturado em vídeos que rapidamente viralizaram, ocorreu no Complexo Penitenciário Dr. Serrano Neves, em Bangu, onde uma multidão se aglomerou para receber o rapper após cinco dias de prisão.
Enquanto a polícia usava gás lacrimogêneo e balas de borracha para conter os ânimos exaltados da plateia, que incluía familiares e artistas como o cantor Oruam, a aparição inesperada do “super-herói do gelo” adicionou um elemento de absurdo ao já caótico cenário. O momento exato em que o homem vestido como o personagem da Pixar derruba um agente da PM e depois foge dançando entre a fumaça e a confusão parece ter saído diretamente de uma cena de filme – uma mistura peculiar de realidade e ficção que cativou a internet.
Nas horas seguintes ao incidente, as redes sociais explodiram com memes e comentários irônicos sobre a situação. Alguns usuários brincaram que “até os super-heróis estão se rebelando contra a PM”, enquanto outros criaram montagens comparando a cena com momentos icônicos do cinema de ação. A figura de Gelado, conhecida por sua habilidade de criar gelo e escapar de situações difíceis, ganhou novas camadas de significado no contexto brasileiro atual, onde protestos e confrontos com a polícia se tornaram frequentes.
O cantor Oruam, que foi autuado durante o tumulto, rapidamente se manifestou nas redes sociais para pedir desculpas por seu comportamento, explicando que agiu por emoção ao reencontrar o amigo. No entanto, foi a imagem do “Gelado real” que acabou roubando a cena e se tornando o símbolo não oficial do evento. Especialistas em cultura pop apontam que o episódio reflete como elementos da cultura de massa são apropriados e ressignificados no calor dos acontecimentos sociais reais.
O vídeo também reacendeu discussões sobre o uso da força policial em situações de aglomeração, com alguns comentaristas destacando o contraste entre a seriedade da ação policial e o absurdo cômico da intervenção do “super-herói”. O incidente, embora aparentemente isolado, parece encapsular o espírito de uma época onde os limites entre realidade e ficção, entre protesto e performance, se tornam cada vez mais fluidos e sujeitos a interpretações múltiplas.