Deise Moura dos Anjos, a principal suspeita por trás do caso do bolo envenenado que chocou o país, foi encontrada sem vida, nesta quinta-feira (13), em uma unidade prisional do estado. Ela estava presa preventivamente desde 5 de janeiro de 2025, acusada de triplo homicídio e tripla tentativa de homicídio.
As investigações apontavam que Deise teria envenenado um bolo com arsênio, o que resultou na morte de três mulheres e deixou outras duas pessoas internadas, durante uma confraternização familiar na véspera de Natal de 2024.
Antes do incidente com o bolo, Deise era suspeita de ter matado seu sogro, Paulo Luiz dos Anjos, também com arsênio, colocando o veneno no leite em pó. Paulo Luiz morreu em setembro de 2024.
O que sabemos a partir das redes sociais
Nas redes sociais, Deise Moura publicava diversos momentos em família, com destaque para os momentos com o filho de 10 anos e uma afilhada, que ela descrevia como “a filha menina que não teve”.
Em uma publicação de 2023, Deise compartilhou uma imagem do personagem Coringa e a frase “quando for falar mal de mim, aproveita e fala todas as coisas boas que fiz quando você precisou”, para completar ela comenta “Não esquece, pois não foram poucas”.
Em outra publicação, onde outros integrantes da família de Deise aparecem juntos com ela em uma foto de formatura, a suspeita de envenenar familiares do ex-marido descreve a família como sua “prioridade”. Em outra, ela descreve a mãe, que aparece sentada em uma poltrona, como “porto seguro”.
A gaúcha de 42 anos, encontrada sem vida em unidade prisional do Rio Grande do Sul, era torcedora do Grêmio e atuava profissionalmente na área de contabilidade.
Família e intrigas
Deise dos Anjos foi casada com Diego dos Anjos, filho de Paulo e Zeli. De acordo com relatos nos depoimentos durantes as investigações, Deise era casada com Diego desde 2001.
A convivência familiar, contudo, nunca foi fácil. A sogra de Deise, Zeli dos Anjos, relatou que a harmonia na família durou até o início do relacionamento de Deise com seu filho. Por diversas vezes durante os depoimentos, Diego e Zeli descreveram Deise como alguém de personalidade problemática e comportamento instáveis.
Zeli relatou que Deise tinha um “ciúme doentio” dela, a ponto de copiar seu jeito de se vestir e comprar acessórios iguais. A sogra disse em depoimento que era chamada de “Naja” para outras pessoas, embora nunca a tenha chamado assim diretamente. A sogra reinterou diversas vezes que a nora tinha tendência para ser “dissimulada e manipuladora”.
Sogra diz que acusada tinha “vergonha da família”
Diego, ex-companheiro de Deise, classificava a companheira como “instável”, indo “do 8 ao 80 muito rápido”. Ele ainda relatou que Deise era “sempre briguenta, se irritando constantemente com situações pequenas com as outras pessoas”.
O marido também afirmou que cogitava a separação, mas o filho “segurou” o casamento. Para polícia, após a prisão de Deise, Diego afirmou que o vínculo com a suspeita através do filho, ainda o fazia manter a aliança, símbolo do compromisso com ela, para confortar o filho com a ausência da mãe.
Depoimento revela como era relação entre marido e suspeita
Sobre a morte
Em nota, a Polícia Penal informou que, durante a conferência matinal na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, a presa Deise Moura dos Anjos foi encontrada sem sinais vitais.
“Imediatamente, os servidores prestaram os primeiros socorros e acionaram o Serviço de Atendimento Médico de Urgência que, ao chegar no local, constatou o óbito. Deise estava sozinha na cela. As circunstâncias serão apuradas pela Polícia Civil e pelo Instituto-Geral de Perícias”, completa a nota.
Relembre o caso do bolo envenenado
A aparente tranquilidade de uma confraternização familiar foi interrompida por um crime que chocou o país. O que era para ser um encontro festivo na véspera de Natal de 2024, transformou-se em uma tragédia com a ingestão de um bolo envenenado, resultando na morte de três pessoas e deixando outras duas hospitalizadas.
Linha do tempo mostra quem é quem na tragédia familiar rodeada de intrigas no RS
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Veja envolvidos em tragédia familiar no RS
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Deise Moura dos Anjos é a principal suspeita dos envenenamentos. Nora de Zeli, ela é acusada de ter envenenado o bolo que matou três pessoas e deixou outras duas internadas • Reprodução
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Bolo envenenado em Torres, no Rio Grande do Sul • Reprodução
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Ordem das imagens: a suspeita Deise Moura dos Anjos (de branco), o sogro Paulo Luiz dos anjos (de cinza), Tatiana Denise dos Anjos (marrom) e a sogra Zeli dos Anjos (de rosa) • Reprodução
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Bolo envenenado: acusada (Deise Moura dos Anjos) tentou cremar corpo de sogro (Paulo Luiz dos Anjos) para esconder vestígios do crime antes do bolo envenenado • Reprodução
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Maida Berenice da Silva, Neuza Denise dos Anjos (centro) e Tatiana Denise dos Anjos, vítimas do bolo envenenado • Redes Sociais
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Foto mostra nora e sogra juntas em 2021. Deise tinha como principal alvo a sogra Zeli • Reprodução/Redes sociais
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Coletiva da polícia sobre o caso do bolo envenenado • Reprodução
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Perícia faz análise dos ingredientes do bolo para encontrar o veneno • Sofia Villela/IGP/RS
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Perícia faz análise no bolo envenenado de Torres para encontrar arsênio • Sofia Villela/IGP/RS
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Da esquerda para direita: Diego dos Anjos (marido de Deise e filho de Paulo e Zeli), Deise dos Anjos (nora), filho de Deise e Diego, Zeli dos Anjos (sogra) e Paulo Luiz dos Anjos (sogro)
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Perícia faz análise no bolo envenenado de Torres para encontrar arsênio • Sofia Villela/IGP/RS
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Perícia faz análise no bolo envenenado de Torres para encontrar arsênio • Sofia Villela/IGP/RS
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Perícia faz análise no bolo envenenado de Torres para encontrar arsênio • Sofia Villela/IGP/RS
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Perícia faz análise no bolo envenenado de Torres para encontrar arsênio • Sofia Villela/IGP/RS
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Perícia faz trabalho para identificar veneno com exumação do corpo do sogro da acusada. Durante a exumação, no ato, são pelo menos 10 pessoas do IGP envolvidas • Sofia Villela/IGP/RS
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Bolo envenenado: após sogra sobreviver, suspeita tentou levar pastel para ela no hospital • Reprodução
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Scanner de corpos do Instituto Geral de Perícias, onde foi periciado o corpo de Paulo dos anjos, sogro de Deise, envenenado em setembro de 2024 • ASCOM/IGP
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Analise em laboratório dos alimentos entregues por Deise para sogra no hospital • Anelize Sampaio IGP/RS
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Alimentos entregues por Deise para sogra no hospital • ASCOM / IGP-RS
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Arte mostra quem é quem no caso do bolo envenenado • CNN
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Em 23 de dezembro de 2024, Zeli dos Anjos prepara um bolo para uma confraternização familiar. As investigações indicam que a farinha utilizada no preparo, que estava contaminada com arsênio, poderia ter sido ingerida em outro evento, com as amigas de Zeli, dias antes do café da tarde em família. O evento só não aconteceu porque algumas pessoas desmarcaram, e as ausências cancelaram o encontro.
Seis pessoas da família consomem o bolo envenenado, sendo elas: Zeli, suas irmãs Neuza e Maida, sua sobrinha Tatiana, seu sobrinho-neto Matheus. Apenas Jefferson, marido de Neuza, não foi hospitalizado.
Na madrugada de 24 de dezembro, Neuza e Maida faleceram após ingerirem um bolo com arsênio, enquanto Tatiana, Matheus e Zeli foram hospitalizados em estado grave.
Em 25 de dezembro, Tatiana não resistiu e morreu. Matheus e Zeli permaneceram hospitalizados. No mesmo dia, a perícia esteve no imóvel, onde o bolo foi consumido, em uma casa em Arroio do Sal (RS), onde o alimento foi feito.
Em 3 de janeiro, Matheus, sobrinho-neto de Zeli, recebe alta do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres (RS).
Em 5 de janeiro de 2025, Deise Moura dos Anjos foi detida preventivamente por triplo homicídio qualificado e tripla tentativa de homicídio.
Em 8 de janeiro, a CNN apurou que a polícia exumou o corpo de Paulo Luiz dos Anjos para investigar a causa de sua morte. A perícia confirmou que ele também consumiu arsênio, reforçando a suspeita de que Deise o envenenou.
Nos dias seguintes, as investigações passaram a apurar a hipótese de que Deise dos Anjos tenha tentado envenenar outras pessoas do seu convívio.
Fonte: CNN Brasil