Roupas de seda para homens e mulheres, a moda da carioca Handred

Quando se pensa em moda masculina no Rio de Janeiro, roupas leves e fluidas vêm à mente, mas nem sempre a seda é um tecido encontrado no guarda-roupa. Além da delicada trama, o linho também faz presença nas coleções da Handred, marca fundada no bairro de Copacabana, por André Namitala.

Criada em 2012, o compromisso inicial da Handred era fazer roupas simplificadas para o calor. “Principalmente para os homens, que usam ternos de poliamida e camisas de algodão grosso no centro do Rio de Janeiro”, conta o fundador da marca, que passou a incorporar tecidos frescos que eram voltados para a moda feminina. “Os fornecedores vendiam a seda, por exemplo, como moda feminina, e comecei a pensar em como incorporar para a moda masculina”.

Tecidos naturais e modelagens mais soltas viraram o carro-chefe e assinatura da marca. “Por serem mais largas, as roupas atendem diferentes tamanhos de corpos”, diz Namitala, que atende clientes de diferentes gêneros e idades.

Com o entendimento dos diferentes perfis que frequentam suas três lojas, duas em São Paulo e uma no Rio de Janeiro, o estilista passou a adaptar as peças. Por exemplo, as calças, que têm um gancho mais alto e elástico na cintura, para as mulheres usarem como cintura alta e os homens com a peça no quadril, “assim não é preciso fazer bainha”, diz. 

“Algumas diretrizes de modelagem guiaram a gente para vestir vários corpos com uma mesma roupa. Tínhamos apenas um tamanho único, mas agora temos dois tamanhos oversized com um ombro mais desabado propositalmente”, explica. Todas as roupas da Handred podem ser ajustadas sem nenhum custo adicional.

Detalhe da camisa de seda da coleção Jangada. (Divulgação/Divulgação)

“Por que os homens não podem usar transparência?”

Questionar as normas sociais é um dos pilares da marca. “Eu não queria fazer nenhuma disrupção, mas acabou acontecendo naturalmente”, diz Namitala sobre as peças sem gênero. “A moda começou a abraçar isso há uns cinco ou sete anos, mas eu sempre me questionei o por que de os homens não poderem usar transparências, ou o por que há uma polêmica tão grande sobre mamilos femininos à mostra”.

Com o passar dos anos, as peças da Handred passaram a ser não só aceitas, mas desejadas. Um exemplo é o short masculino curto. “Os homens no começo não queriam usar um short curtinho, e hoje é o produto que eu mais vendo na loja. A sociedade também se acostuma, se você dá uma possibilidade, as pessoas vão querer se arriscar”, diz.

Peças bordadas, compradas para festas de Ano Novo e Carnaval, passaram a entrar no guarda roupa masculino para eventos casuais, diz o estilista.

Nos últimos três anos, Namitala viu aumentar o número de pedidos de peças sob medida. “Muitos noivos e noivas que querem uma roupa mais diferente e única passaram a fazer encomendas, e isso virou um braço do negócio que eu nunca imaginei”.

Entretanto, as maiores diferenças notadas por Namitala estão entre os consumidores de São Paulo e do Rio de Janeiro.

“Quando comecei a vender em São Paulo, entendi que o paulista queria ter um pouco dessa vibe do Rio, que tem um pouco de cara de férias. São Paulo também tem uma quantidade maior de pessoas ligadas à moda, à arte e ao design do que o Rio de Janeiro. Outro ponto é a praia, o carioca usa muito mais short, enquanto os paulistas precisam usar mais roupas, seja para ir a eventos, seja para passear”.

Bom para os negócios, visto que as maiores vendas da Handred acontecem em São Paulo. O tíquete médio das vendas na capital paulista é de R$ 2 mil, enquanto no Rio de Janeiro é de R$ 1,3 mil.

Camisa de seda azul bordada da Handred. (Divulgação/Divulgação)

A moda como instrumento cultural

Para comemorar os 11 anos da marca, Namitala decidiu incluir um programa cultural na Handred. No e-commerce da marca há explicações dos conceitos e elaboração das coleções principais e cápsulas e artigos escritos por convidados. O espaço é colaborativo, com chamadas abertas para quem se interessar em escrever sobre temas propostos. “Queremos que o site seja uma extensão da loja física, e exaltar a brasileira e o fazer manual. A gente já não vende só roupa”.

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