Putin é reeleito com 87,97% dos votos, apontam dados preliminares da Comissão Eleitoral da Rússia

Como esperado, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, obteve uma nova vitória na presidencial realizada entre sexta-feira e domingo.

Com cerca de 25% das urnas apuradas, ele tem 87,97% quase dez pontos percentuais a mais do que teve em 2018. O comparecimento foi de 74,22%, segundo a Comissão Eleitoral Central (CEC).

Assim como em 2018, foram realizadas votações em áreas anexadas da Ucrânia — há seis anos, apenas na Crimeira, e agora também em Zaporíjia, Kherson, Luhansk e Donetsk.

Segundo a CEC, ele teve cerca de 90% dos votos nas cinco áreas. Desde o início da eleição, eleitores relatam episódios de intimidação, incluindo homens armados acompanhando as urnas móveis, destinadas, segundo as autoridades, a “facilitar” o processo. O governo ucraniano afirma que a votação em áreas ocupadas é “ilegal”, e esses votos deveriam ser anulados.

As autoridades eleitorais revelaram ainda que foram identificados e repelidos 4,6 milhões de tentativas de ataques ao sistema de votação eletrônica, inclusive usado pelo próprio Putin na sexta-feira.

“Os ataques cibernéticos também não afetaram o processo de votação. O sistema estava disponível 100% do tempo, todos puderam votar. Todos os votos foram entregues no blockchain, nenhum deles foi perdido ou comprometido”, disse à RIA Ilya Massukh, vice-chefe do serviço de monitoramento eleitoral russo.

Posicionamento externo

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, disse neste domingo que Putin está “embriagado pelo poder” ao comentar sobre os resultados da eleição na Rússia. “Esta pessoa, como frequentemente acontece na história, está embriagada pelo poder e quer governar eternamente. Não há maldade que ele não cometa para prolongar seu poder pessoal”, disse.

Também no Leste Europeu, o Ministério das Relações Exteriores da Polônia disse em nota que “a eleição presidencial russa não é legal, livre e justa”. O comunicado acrescenta que a votação ocorreu em meio a “duras repressões” e criticou a realização do pleito em regiões ocupadas da Ucrânia.

Na mesma linha, o Reino Unido disse que a Rússia demonstra não ter interesse em encontrar um caminho para paz ao criticar a realização de eleições em solo ucraniano. E aproveitou para reafirmar o apoio a Kiev.

Eleição sem opositores reais

Vladimir Putin está no poder desde 2000, se alternando entre os cargos de presidente e primeiro-ministro e, se completar mais seis anos à frente da Rússia, se tornará o líder mais longevo desde a revolução, ultrapassando Josef Stalin, que ocupou o Kremlin por 29 anos. Graças a uma reforma que promoveu no sistema russo, Putin ainda tem o caminho aberto para buscar mais um mandato e completar 36 anos como chefe do Kremlin.

Apenas três candidatos – de partidos amigos do governo – foram autorizados a concorrer:: Nikolai Kharitonov, 75 anos, do Partido Comunista; o nacionalista linha-dura Leonid Slutsky, 56, do Partido Liberal Democrata, que apelou à execução de prisioneiros de guerra ucranianos; e Vladislav Davankov, 40 anos do Partido do Novo Povo, que apoiou a guerra.

Já os candidatos críticos à invasão da Ucrânia, Yekaterina Duntsova e Boris Nadezhdin, foram impedidos de concorrer depois que a Comissão Eleitoral Central afirmou ter encontrado falhas nas assinaturas de que precisavam para ganhar um lugar nas urnas. Em 2006, a comissão retirou a opção de votar contra todos os candidatos, eliminando o risco de votos de protesto. E as pesquisas já indicavam que ele teria mais de 80% dos votos.

Além da Rússia, a votação de três dias também foi realizada nos territórios ocupados pela Rússia na Ucrânia e na Transnístria, um território separatista pró-Rússia localizado na Moldávia.

(Com informações de Estadão Conteúdo e O Globo)

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