MST comemora 20ª safra e uma década de liderança na produção de arroz agroecológico da América Latina

Foto: Alex Garcia/ MST/ Divulgação

Safra deste ano é a maior desde 2019, com estimativa acima de 16 mil toneladas de arroz agroecológico produzidas por 352 famílias em 22 assentamentos

Foto: Alex Garcia/ MST/ Divulgação

As famílias de agricultores que cultivam arroz sem a aplicação de venenos – e sem mão de obra escrava – nos assentamentos da reforma agrária do Rio Grande do Sul estão comemorando 20 anos de plantio agroecológico, uma década de liderança na produção de arroz orgânico no Brasil e na América Latina, e também uma das maiores safras dos últimos anos.

Nesta sexta-feira, 17, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Grupo Gestor do Arroz Orgânico promovem a abertura simbólica da safra 2022-2023 com a realização da 20ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico, no Assentamento Filhos de Sepé, em Viamão, na região Metropolitana de Porto Alegre.

Toda a direção nacional do Movimento estará reunida no evento, em conjunto com personalidades, entidades e apoiadores da Reforma Agrária Popular e Agricultura Familiar Camponesa, com a expectativa de reunir 5 mil participantes, informa a organização do evento.

De acordo com a coordenação estadual do MST, a culinarista e especialista em alimentação saudável, Bela Gil, já confirmou presença.

Também são esperados ministros, parlamentares, ativistas de movimentos sociais e representantes de universidades, que celebrarão em conjunto com as famílias Sem Terra assentadas e acampadas, que há mais de uma década, lideram o posto de maiores produtores de arroz orgânico no Brasil e América Latina – segundo o Instituto Riograndense de Arroz (Irga).

Presenças

Pelo menos cinco ministros já confirmaram presença, entre eles, Wellington Dias, do Desenvolvimento Social; Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência; Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário (MDA); Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, e Sônia Guajajara, dos .

O assentamento Filhos de Sepé, um dos territórios da reforma agrária que fornecem alimentos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), política pública que foi praticamente esvaziada durante os últimos quatro anos, também deve receber Edegar Pretto, presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab); Juliano de Sá, presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) do RS e parlamentares dos partidos de centro-esquerda.

São esperados ainda representantes de universidades, cozinhas comunitárias, e movimentos sociais como Levante Popular da Juventude, Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) também confirmaram presença; assim como delegações de especialistas na produção agroecológica e de bioinsumos do Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela e Cuba.

“Estamos muito felizes em poder convidar todos e todas para comemorar a 20ª edição da colheita do arroz com a família do MST, pois é onde reunimos os agricultores, apoiadores da Reforma Agrária Popular e da bandeira da agroecologia”, diz Marildo Mulinari, da direção estadual do MST-RS.

Safra recorde de arroz agroecológico

Foto: Alex Garcia/ MST/ Divulgação

Agricultura familiar nos assentamentos se reafirma como alternativa à produção convencional do agronegócio

Foto: Alex Garcia/ MST/ Divulgação

De acordo com o Grupo Gestor do Arroz Orgânico, na safra 2022/2023, a estimativa é colher aproximadamente 16.111 toneladas de arroz orgânico, cerca de 322.235 mil sacas de 50 quilos cada, em uma área de 3,2 mil hectares.

A maior produção dos últimos anos foi registrada em 2019, quando o movimento comemorou 16 mil toneladas. Em 2020 e 2021 foram em torno de 12 mil toneladas e no ano passado a safra rendeu 15 mil toneladas.

As principais variedades plantadas são de arroz agulhinha e cateto.

A produção ocorre em 22 assentamentos, localizados em nove municípios das regiões Metropolitana, Sul, Centro Sul e Fronteira Oeste do estado.

O cultivo é feito por 352 famílias, que estão organizadas em sete Cooperativas da Reforma Agrária, entre elas a Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap), Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita (Coopan), Cooperativa de Produção Agropecuária dos Assentados de Tapes (Coopat), Terra Livre, Cooperativa dos Produtores Orgânicos de Reforma Agrária de Viamão (Cooperav), Cooperativa de Produção Agropecuária dos Assentamentos de Charqueadas (Copac) e Cooperativa Sete de Julho.

“As famílias assentadas da Reforma Agrária Popular, organizadas no Grupo Gestor, têm se reafirmado como alternativa ao modelo convencional praticado pelo agronegócio. “Prezamos pela concepção de produção de alimento saudável em qualquer escala, preservando o meio ambiente, em um processo cooperado, que busca a distribuição de renda entre os produtores e produtoras e preço justo aos consumidores”, explica Mulinari.

Produção de bioinsumos

Durante o evento será lançada a Unidade de Produção de Bioinsumos Ana Primavesi, que assegura aos agricultores o aumento do cultivo, mais autonomia na produção de bioinsumos e acesso a novas tecnologias.

A iniciativa em parceria com universidades, Instituto Riograndense do Arroz (Irga), Instituto Federal (IFRS), Emater RS e Embrapa, contempla a busca do Grupo Gestor a independência no processo produtivo, na produção da semente, insumos e bioinsumos, na melhoria dos maquinários, domínio do manejo técnico, gestão da irrigação e processo permanente de capacitação e formação.

“A Cootap decidiu produzir o próprio insumo para melhorar a fertilidade do solo e ter estratégias de redução de custo nas propriedades das famílias. Também reforçamos a importância de sempre inovar e trazer novas tecnologias para qualificar os nossos alimentos”, destaca Dioneia Ribeiro, produtora de arroz orgânico e integrante do Grupo Gestor de Arroz Agroecológico.

Para a safra 2022/2023 do arroz orgânico o uso desse bioinsumo foi implementado em duas áreas de pesquisa, em 28 hectares. Já para a próxima safra 2023/2024, os bioinsumos estarão em toda a produção do arroz orgânico dos assentamentos em Viamão, em cerca de 1.126 hectares.

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