Crítica – “O Estrangulador de Boston” traz uma forte mensagem sobre o papel da mulher no mercado de trabalho

O Estrangulador de Boston
Divulgação/Star+

“O Estrangulador de Boston” é um filme de true crime que mostra a apuração de duas jornalistas na década de 60. Elas lutavam para descobrir um crime em série e para conseguir realizar o seu trabalho diante das dificuldades de gênero da época. O longa apresenta a história de forma concreta e objetiva e traz uma abordagem interessante para os telespectadores.

Loretta (Keira Knightley) é a principal agente dessa investigação, a personagem tem uma sede de jornalista por matérias investigativas. No entanto, ela precisa provar sua capacidade pois o editor-chefe a mantém na editoria de lifestyle. Ao enxergar um padrão em estrangulamentos de mulheres em Boston, ela passa a apurar o caso junto da jornalista Jean Cole (Carrie Coon).

As primeiras coisas que chamam atenção no filme, desde o material de divulgação, são: fotografia e proposta de gênero. A imagem de época, com a estratégia de ambientar os anos 60 é composta por elementos que vão além do comum. Isso porque o figurino e os posicionamentos da câmera contribuem para uma imersão na história e visualmente agrada o público.

A proposta de longas baseados em crimes reais é atraente, o público se entrega nos casos e se interessa pelo desdobrar das situações. O mistério explícito pelo suspense gerado pela direção de Matt Ruskin estão na medida certa para que a narrativa seja interessante, curiosa e explicada. Além disso, ainda há uma série de questões que são pontuadas e geram reflexão como o sexismo no mercado de trabalho.

O papel das duas protagonistas como jornalistas dão luz para bastidores que são despercebidos. Há conexões que podem ser feitas com os dias atuais, como a luta da mulher pelo reconhecimento de suas obras ou as dificuldades que muitas sofrem para ter voz em locais com predominância de líderes masculinos. O filme ainda exemplifica a crítica que as verdadeiras profissionais na vida real fizeram: o descaso policial com crimes contra mulheres.

Nessa busca por mostrar a história que contém fatos do passado que a comprovem, o roteiro sofre com algumas dispersões. A tentativa de abordar tantos temas e manter o relato do true crime traz, em alguns momentos, uma história um pouco parada, que necessita de uma atenção maior do telespectador para engatar no enredo e entender quais são as diretrizes que seguirão no filme.

O papel da mulher e o jornalismo são temas evidentes em “O Estrangulador de Boston”

A riqueza de detalhes da história do estrangulador chama atenção do público por representar uma apuração jornalística analítica. Loretta e Jean emitem suas opiniões antes de publicar as notícias. O processo da descoberta das minúcias da história, as cenas de crime, conversas com policias e vítimas, todo o processo comunicativo entrega no filme uma perspectiva real e completamente interessante.

O ser humano naturalmente tem medo do desconhecido e se interessa por ter conhecimento do mundo novo, por isso histórias investigativas como essa, prendem o público que tem a mesma ânsia de saber que a das personagens e das jornalistas reais. Por esse motivo, o filme no geral é completamente atrativo e a explicação do que acontece na vida real, após o que o longa conta, é o que gera mais interesse ainda no telespectador.

A crítica quanto ao tratamento das mulheres, é um ponto que aconteceu por volta dos anos 60 e ainda pode ser trazido para a realidade dos dias atuais. Primeiro, quanto as vítimas, a princípio elas seguem um padrão: mulheres de idade, que moram sozinhas e são consideradas desprotegidas. O estrangulador deixava sua marca nas vítimas e passou a mudar o padrão, para mulheres mais jovens, em outros lugares além de Boston e tudo isso para trazer uma mesma lição: o verdadeiro estrangulador é a maldade de homens que se aproveitavam desse padrão.

Outros estranguladores foram os que enforcavam a informação, como os policias que tinham acesso a muitas denúncias, mas deixavam passar. Além disso, eles representavam um descaso com os acontecimentos e a verdadeira investigação do criminoso se deu pelas jornalistas que buscavam levar informação e fazer justiça com os próprios métodos.

“O Estrangulador de Boston” é um filme coerente, reflexivo e impactante. A história não apresenta nenhuma tecnologia digital na apuração jornalística, mas transforma a visão do telespectador com o jornalismo da década de 60. Ao revelar os bastidores da investigação, o filme prende a atenção em boa parte do tempo de tela. Os momentos parados são nítidos e dessa forma há algumas dificuldades para engatar na história.

No geral, o longa expressa uma boa técnica de execução que são somados a um ambiente e estética completamente conectados com a proposta. Com uma boa adequação ao gênero, o filme é uma ótima aposta para os amantes de histórias de true crime.


























Avaliação: 4 de 5.

source

No tags for this post.

Outras notícias

Saiba mais

Comentários

.