Na primeira visita de um líder estrangeiro à Casa Branca desde o início de seu segundo mandato, o presidente Donald Trump defendeu a ideia de realocar de forma permanente a população da Faixa de Gaza em outros países, avançando em uma proposta que vem ventilando nas últimas semanas. Ao lado de seu convidado, o premiê israelense Benjamin Netanyahu, afirmou que o enclave palestino “não é um lugar para as pessoas viverem” e que os moradores “não deveriam voltar para lá”.
Pouco antes da reunião entre os dois líderes, Trump declarou que os palestinos de Gaza vivem “como se estivessem no inferno”, mas que “adorariam sair” e ficariam “encantados” longe de seus lares. Ele citou nominalmente Jordânia e Egito como potenciais destinos para os palestinos, além de “outros países” da região.
“Não acho que as pessoas deveriam voltar para Gaza. Acho que Gaza tem sido um lugar de má sorte para elas. Gaza não é um lugar para as pessoas viverem”, disse Trump, ao lado de Netanyahu. “Espero que possamos fazer algo para que eles não queiram voltar. Eles não experimentaram nada além de morte e destruição”.
Trump sugere reassentamento e pressiona por trégua
Trump afirmou ainda que há interessados em participar da reconstrução de Gaza, sem citar nomes. O presidente americano disse imaginar uma “bela área para reassentar pessoas permanentemente”, onde poderiam viver com segurança, sem medo de violência.
“Gaza é uma garantia de que eles vão acabar morrendo. A mesma coisa vai acontecer de novo, de novo e de novo”, declarou.
A proposta, no entanto, enfrenta resistência. Até agora, governos locais rejeitam categoricamente a ideia, que recebeu apoio de integrantes mais radicais da coalizão de Netanyahu.
Antes de definir o futuro de Gaza, Trump quer pressionar Netanyahu a se comprometer com a trégua, a qual afirma ser resultado de seu governo. No entanto, grande parte das negociações ocorreu sob seu antecessor, Joe Biden. Questionado sobre qual presidente deveria receber o maior crédito pelo acordo, respondeu que era ele.
“Acho que o presidente Trump adicionou grande força e liderança poderosa a esse esforço”, disse Netanyahu. “Eu aprecio isso”.
Netanyahu resiste a compromissos e mira Irã
Netanyahu, segundo fontes de seu governo, evita se comprometer com a segunda etapa do plano, que prevê o retorno de todos os reféns – vivos ou mortos – e a retirada total das forças israelenses de Gaza. Analistas afirmam que, se aceitar esses termos, sua coalizão pode se desmantelar, tornando sua saída do cargo apenas uma questão de tempo.
Na véspera da reunião, as negociações sobre essa etapa avançaram com um encontro entre Netanyahu e Wtikoff em Washington. A mudança de última hora parece indicar que Trump quer ter o controle das conversas, reduzindo a margem de manobra do premiê israelense.
“Os riscos são realmente altos para o primeiro-ministro, para ser claro”, afirmou Thomas Nides, ex-embaixador dos EUA em Israel, ao New York Times. “O presidente Trump está segurando todas as cartas e está realmente claro que quer ver todos os reféns voltando para casa”.
Apesar das divergências sobre o desfecho da guerra, Trump busca reforçar sua imagem de “amigo de Israel”. Para isso, trabalha junto a líderes do Congresso, dominado pelos republicanos, para liberar um pacote de US$ 1 bilhão em armas para Israel, segundo o Wall Street Journal. O pedido inclui 4,7 mil bombas e escavadeiras usadas na demolição de estruturas na Faixa de Gaza. Além disso, há outro pacote de US$ 8 bilhões pendente de análise no Congresso, contendo mísseis, artilharia e equipamentos pesados.
A normalização com a Arábia Saudita e a ameaça iraniana
Outro fator central no conflito é a tentativa de Israel de normalizar relações com a Arábia Saudita, um movimento visto como essencial para Netanyahu e uma vitória diplomática histórica para Trump. No primeiro mandato, o presidente supervisionou a normalização entre Israel e países como Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Marrocos e Sudão. Agora, busca repetir o feito com os sauditas.
No entanto, Riad condiciona a normalização ao estabelecimento de um Estado palestino, um tema ainda longe de consenso dentro de Israel. Ao ser questionado sobre o assunto, Trump desconversou, afirmando que “todo mundo busca a paz”.
Netanyahu também levou a Trump aquela que considera a maior ameaça existencial de Israel: o Irã. O premiê alertou que o país persa esteve à beira de uma guerra total com Israel no último ano, envolvendo ataques aéreos, mísseis e assassinatos políticos.
Segundo o New York Times, a inteligência americana detectou esforços de cientistas iranianos para acelerar o desenvolvimento de uma bomba nuclear. Em resposta, Trump assinou uma ordem retomando a política de “pressão máxima” sobre Teerã, endurecendo sanções econômicas contra as exportações de petróleo iranianas.
“Veremos se podemos ou não trabalhar em um acordo com o Irã, e talvez isso seja possível e talvez não seja”, disse Trump ao assinar as medidas. “Não estou feliz ao fazê-lo, mas realmente não tenho muita escolha, porque temos que ser fortes e firmes”.
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O presidente dos EUA, Joe Biden, e a primeira-dama Jill Biden posam ao lado do presidente eleito Donald Trump e Melania Trump ao chegarem à Casa Branca em Washington, DC, em 20 de janeiro de 2025, antes de partirem para o Capitólio dos EUA, onde Trump será empossado como o 47º presidente dos EUA. (Foto de ROBERTO SCHMIDT / AFP)
(O presidente dos EUA, Joe Biden, e a primeira-dama Jill Biden posam ao lado do presidente eleito Donald Trump e Melania Trump ao chegarem à Casa Branca em Washington, DC, em 20 de janeiro de 2025, antes de partirem para o Capitólio dos EUA, onde Trump será empossado como o 47º presidente dos EUA. (Foto de ROBERTO SCHMIDT / AFP)) -
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Donald Trump chegando à Casa Branca recebido por Joe Biden
(Donald Trump chegando à Casa Branca recebido por Joe Biden) -
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Donald Trump e Melania Trump em cerimônia religiosa de posse
(Donald Trump e Melania Trump em cerimônia religiosa de posse) -
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Donald Trump e Melania Trump cerimônia religiosa de posse
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O presidente Joe Biden e sua vice Kamala Harris se preparam para cumprimentar o presidente eleito Donald Trump na Casa Branca em Washington
(O presidente Joe Biden e sua vice Kamala Harris se preparam para cumprimentar o presidente eleito Donald Trump na Casa Branca em Washington) -
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Donald Trump ao lado de sua esposa no seu juramento
(Donald Trump ao lado de sua esposa no seu juramento) -
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JD Vance é empossado como vice-presidente pelo juiz da Suprema Corte Brett Kavanaugh enquanto Usha Vance segura a Bíblia durante a 60ª posse presidencial na Rotunda do Capitólio dos EUA em Washington, DC, em 20 de janeiro de 2025. (Foto de Morry Gash / POOL / AFP)
(JD Vance é empossado como vice-presidente pelo juiz da Suprema Corte Brett Kavanaugh enquanto Usha Vance segura a Bíblia durante a 60ª posse presidencial na Rotunda do Capitólio dos EUA em Washington, DC, em 20 de janeiro de 2025) -
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WASHINGTON, DC – 20 DE JANEIRO: (E-D) Priscilla Chan, Meta e CEO do Facebook Mark Zuckerberg, e Lauren Sánchez comparecem à posse do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, na Rotunda do Capitólio dos EUA em 20 de janeiro de 2025 em Washington, DC. Donald Trump toma posse para seu segundo mandato como o 47º presidente dos Estados Unidos. (Foto de Chip Somodevilla/Getty Images)
(Priscilla Chan, Meta e CEO do Facebook Mark Zuckerberg, e Lauren Sánchez comparecem à posse do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, na Rotunda do Capitólio dos EUA em 20 de janeiro de 2025 em Washington, DC) -
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(E-D) O CEO do Google, Sundar Pichai, fala com o CEO da Tesla e da SpaceX, Elon Musk, quando eles chegam para a cerimônia de posse antes de Donald Trump tomar posse como 47º presidente dos EUA na Rotunda do Capitólio dos EUA em Washington, DC, em 20 de janeiro de 2025
(O CEO do Google, Sundar Pichai, fala com o CEO da Tesla e da SpaceX, Elon Musk, quando eles chegam para a cerimônia de posse antes de Donald Trump tomar posse como 47º presidente dos EUA na Rotunda do Capitólio dos EUA em Washington, DC, em 20 de janeiro de 2025) -
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Convidados, incluindo Mark Zuckerberg, Jeff Bezos, Sundar Pichai e Elon Musk, chegam antes da 60ª posse presidencial na Rotunda do Capitólio dos EUA em Washington, segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
(Convidados, incluindo Mark Zuckerberg, Jeff Bezos, Sundar Pichai e Elon Musk, chegam antes da 60ª posse presidencial na Rotunda do Capitólio dos EUA em Washington, segunda-feira, 20 de janeiro de 2025) -
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Donald Trump em seu discurso de posse
(Donald Trump em seu discurso de posse) -
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Joe Biden aperta a mão de Donald Trump em sua posse
(Joe Biden aperta a mão de Donald Trump em sua posse) -
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Congresso dos EUA, decorado para a cerimônia de posse
(Congresso dos EUA, decorado para a cerimônia de posse) -
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Congresso dos EUA, em Washington, que terá frio severo no dia da posse
(Congresso dos EUA, em Washington, que terá frio severo no dia da posse) -
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O ex-presidente George W. Bush, a ex-primeira-dama Laura Bush e o ex-presidente Barack Obama chegam para a cerimônia de posse de Donald Trump
(O ex-presidente George W. Bush, a ex-primeira-dama Laura Bush e o ex-presidente Barack Obama chegam para a cerimônia de posse de Donald Trump) -
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George W. Bush chega para a cerimônia de posse de Donald Trump
(George W. Bush chega para a cerimônia de posse de Donald Trump) -
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Donald Trump e Joe Biden no juramento de posse do presidente eleito
(Donald Trump e Joe Biden no juramento de posse do presidente eleito)
Fonte: Exame